PVM - Sansa e Roxanne contra um cão infernal [Atemporal]

we were never welcome here ♛

Rolei em minha cama, esmagando o fone de ouvido que usava e bagunçando as cobertas. Hoje marcava o fim da minha primeira semana no Acampamento Meio-Sangue e eu não tinha feito nada de produtivo. Há exatos sete dias meu mundo se baseava em ficar deitada no beliche que ganhei no chalé de Thanatos e ver meus antigos diários em vídeo. Não que eu tivesse algo contra aquela rotina, muito pelo contrário, eu adorava ficar assim sem fazer nada, porém o ócio incentivava minha memória e a memória trazia coisas que eu não queria presenciar. Certos acontecimentos foram feitos para serem esquecidos.

- Relatório do dia cinquenta e nove nas ruas - A voz de Kyle soava na fita - Estamos sem comida de novo. Roxanne acha melhor roubarmos aquele mercado novamente... - Um sorriso triste se abriu em meus lábios ao ouvi-lo dizer meu nome e eu ignorei o resto do vídeo. Como eu sentia falta do meu irmão.

Não faça isso, Roxanne, começou minha voz interior, Sem culpa. Você sabe muito bem quem é o responsável. Eu, de fato, sabia. Thanatos, meu pai. Ele quem nos colocara nesse mundo maluco que causou a morte de Kyle, ele era o único culpado. Apenas por pensar naquele dia uma onde de ódio inundou meu corpo, fazendo-me levantar. Eu não podia ficar sentada nesse inferno me remoendo, escrava do luto, enquanto os Deuses reinavam soltos. Kyle nunca faria isso se estivesse no meu lugar, ele me vingaria, e era isso que eu faria por ele. Apenas um pequeno obstáculo atrapalhava meu caminho, o fato de eu nunca ter segurado uma arma. O que fazer quanto a isso?

- Roxanne! - Gritou um garoto que morava comigo, interrompendo meus devaneios  - Vou treinar. Qualquer coisa estarei na arena e, por favor, faça algo com a sua vida.

- Vai se ferrar, criatura - Berrei em resposta, levemente irritada - Cuida da sua vida.

O silêncio que se seguiu indicava que ele tinha escolhido ignorar meu comentário e sair, decisão inteligente. Treinar até que não era uma má ideia, em  pouco tempo teria o básico de noção para sair desse lugar e voltar a ter controle sobre minha vida. Com uma ideia na cabeça, pulei da cama e peguei meu manto da invisibilidade na escrivaninha, junto com meus outros presentes de reclamação. Meu pai pelo menos não era mão-de-vaca, ele tinha dado alguns presentes interessantes, para dizer o mínimo. Calcei minhas botas e corri para fora do chalé, seguindo meu meio-irmão com uma certa distância, orgulhosa demais para admitir que não sabia onde era a arena.

Um enorme edifício com estilo grego logo foi tomando forma, e o outro filho de Thanatos adentrou-o. Ainda confusa, fui atrás, deparando-me com uma enorme arena de batalha e um arsenal diverso. Os semi-deuses que ali estavam lutavam com diferentes monstros e oponentes, menos uma ruivinha, que apenas observava. Girei meu bracelete, indecisa e me aproximei dela.

- E, você! - Chamei, com o mínimo de educação possível - Quer treinar? Preciso de uma parceira e parece que você é a única tão desinteressada quanto eu.

PODERES USADOS:

ARMAS LEVADAS:

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Abri um sorriso cheio de malícia e apoiei-me na parede da arena, observando a ruivinha levantar. Ela parecia extremamente irritada, como se a simples ideia de tocar em uma arma fosse abominável, o que era cômico. Estreitei os olhos, ainda com meu sorriso estampado no rosto, e analisei-a mais atentamente. Roupas nem um pouco apropriadas para treino (qual o problema com o uniforme do Acampamento, quando se sabe que vai suar?), cabelos arrumadinhos e rosto perfeitinho. Filha de Afrodite, pensei com certo desprezo. Eu podia ser nova aqui, mas, como qualquer ser humano, consigo reconhecer uma patricinha de longe.

- Cuidado, se for rápido demais pode acabar tropeçando - Disse, segurando uma risada de deboche enquanto via a princesa descer lentamente de seu pedestal.  - Precisa de ajuda?

- Primeiro, meu nome é Sansa - Não consegui me segurar, um riso estrangulado escapou dos meus lábios. Sansa? Que tipo de nome é esse? - E segundo, tudo bem, posso ser sua parceira.  

Segurei minha vontade de dizer algo como "Graças a Deus, não sei o que seria sem você, princesa" e desencostei da parede. Sansa desembainhou a espada e começou a fazer movimentos aleatórios com a arma, se aquecendo. Revirei os olhos, claramente impaciente, e apertei meu pingente, que logo se transformou em uma foice. Apoiei-a no no chão e observei-a, a foice era, de fato, uma belíssima lâmina. Prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo improvisado e amarrei os cadarços das minhas botas, tentando prestar atenção no que a provável filha de Afrodite falava:

- Agora me diga, qual seu nome e qual monstro você quer enfrentar.  - Sua voz mostrava-se entediada, e seus olhos castanhos me mediam de cima a baixo. Eu já fora alvo de vários olhares como aquele e tenho certeza de que se ela soubesse o que fiz com pessoas assim no passado, nunca teria me olhado daquele jeito. 

- Rox. Me chame de Rox. - Comecei a caminhar na direção das jaulas onde se encontravam os monstros disponíveis para treino - O único monstro que quero enfrentar está ocupado servindo a Hades, porém acredito que um desses vá servir.

Joguei meu manto da invisibilidade em um canto arena não muito longe, onde ficaria perfeitamente acessível caso precisasse dele. Apoiei a foice na parede e girei meu bracelete, ativando o escudo que também ganhara de Thanatos (recuso-me a chamá-lo de "pai"). Olho para a ruivinha novamente e abro um sorriso cruel, mando uma piscadinha pra ela e abro a jaula de um cão infernal mediano. 

A besta bufou de raiva e seus olhos no fuzilaram. Aperto os dedos em volta da foice e solto uma risada de empolgação. Dou alguns passos para trás e sorrio para Sansa.

- Que os jogos comecem, princesa! 

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