Parede de escalada

A Parede de Escalada. Aquele era um desafio difícil ainda para os melhores e mais fortes campistas do Acampamento e era para ele que eu estava indo. Meu corpo ainda estava dolorido do ultimo treino contra um cão infernal e eu andava mais devagar por causa dos ossos como gelatina.

Minha camisa laranja ainda estava impregnada com os pelos do cão bem como o meu short jeans. Comecei a me embrenhar por um lado das demais trilhas e logo os sons de gritos e choros encontraram os meus ouvidos. É. Eu estava cada vez mais perto da parede e minha pele já se arrepiava com o medo.

Acenei para alguns parceiros de treinos e uns campistas que eu conhecia. Eles só olhavam e ficavam com medo de realmente encarar aquele super e imenso obstáculo e eu não posso dizer ao contrário, eu também estava com uma vontade enorme de sair correndo dali e ir para o chalé.

***

Passei por um bolo de campistas que estavam ao pé da parede para pegar aqueles semideuses que caiam lá do alto. Fiquei aos pés daquela montanha mortal e esperei até a minha vez para uma tentativa. Tudo bem… Eu já estava começando a me arrepender.

Quando coloquei a mão no primeiro apoio percebi que era um erro fatal eu estar ali, mas eu não podia voltar e eles me chamarem de covarde. Olhei para cima e vi o que me esperava. Vários outros apoios estavam distribuídos na superfície da parede e lá em cima a larva borbulhava e as pedras saltitavam. Engoli em seco e avancei um pouco mais. Agora eu já não estava muito perto do chão e meus pés e mãos estavam escorregando das pedras em que eu me segurava.

Fechei os olhos e comecei a imaginar as flores do meu chalé, imaginar os seus cheiros. Eu precisava simplesmente me acalmar para prosseguir e aquilo me ajudaria. Fui mais para cima me segurando firmemente nos apoios e os analisando bem antes de segurar em algum. Vai que eles eram falsos?

Eu ainda estava na parte fácil quando as coisas começaram a ficar difíceis para o meu lado. Uma das pedras lá em cima caia diretamente da direção do meu corpo e eu só conseguiria desviar se tirasse o pé e a mão esquerda dos seus respectivos apoios. Fiz uma prece silenciosa e botei esse meu plano suicida em ação.

A pedra passou raspando por mim e caiu com intensidade no solo logo abaixo. Eu pendia para o lado esquerdo que estava solto e a minha mão direita não suportaria meu peso por muito mais tempo e assim tentei alcançar os meus antigos apoios novamente.

O.K, as coisas ficaram bem difíceis quando o apoio esquerdo não suportou o peso e caiu tristemente em direção ao solo. Eu me desequilibrei e fiquei segurando apenas nas pontas dos dedos da mão direita já que com essa burrada e o meu desespero eu não mantive os pés nos lugares certos.

Mais pedras caiam do alto e só não me atingiam por alguns milímetros. Eu tentei ir mais um pouco acima e me apoiar em nova área quando uma pedra me atingiu no ombro. Gritei de dor e perdi totalmente os apoios que me seguravam caindo em queda livre.

Senti vários braços tentando me segurar, mas eles apenas diminuíram a velocidade da queda e eu, meio abobalhada caí no chão com impacto desmaiando.

***

Quando tornei a abrir os olhos eu estava na enfermaria e um filho de Apolo parecia cuidar dos ossos da minha perna. Um copo com uma substância que eu sabia que era ambrosia estava no criado-mudo ao meu lado. Minha cabeça pesava e os meus pensamentos não estavam coerentes fazendo com que a única coisa que eu dissesse antes de cair no sono fosse:

- Vou demorar muito a voltar para lá.

Meu pequeno duelo contra Nicolau tinha sido exaustivo. Tinha dormido mais que costumava a dormi, mas assim que acordei levantei bem disposto. Depois de um banho rápido, visto dois casacos e por fim uma jaqueta jeans. Ponho uma calça de moletom e um tênis semelhante à de escalada. Aquelas roupas eram emprestadas, já que quando cheguei ao acampamento eu não tinha vindo nem com mala, tão pouco, outras roupas. Alguns meios-irmãos tinham me emprestado algumas roupas e as outras que eu tinha, Quíron me deu. Saio do chalé e vou conhecer um pouco mais o acampamento meio sangue.
Como era meu terceiro dia ali, sabia um pouco dos lugares e principalmente da arena. Não via a hora de voltar para lá e duelar novamente. Vejo um grande campo de morango onde todos estavam com aparecia horrível, que sem duvidas deveria ser por causa do frio, que por sinal estava agonizante. Decido não ir lá, eles estavam sofrendo e isso me incomodaria se fosse até eles. Tento pensar em outra coisa e vou caminhando para outro lugar. De longe, podia ver uma grande parede onde alguns semideuses tentavam escalar, mas não chegavam nem na metade e já caiam. Vou me aproximando e conforme vou chegando perto sinto que ali era uma das partes do acampamento em que várias pessoas se encontravam não se importando com o clima, já que o frio por ali reinava. Não sabia se sempre foi frio assim, mas não estava gostando muito do clima principalmente com que o mesmo fez com os pobres morangos indefesos. Assim que chego próximo a grande parede, percebo que a mesma esta congelada em algumas partes e vi duas maquinas de ferro, parecida com canhões no topo da parede. Sem duvidas me pregaria alguma peça. Alguns campistas estavam ao pé da grande parede, ou em duvidas para subir ou para pegar o menino que estava subindo. Fiquei olhando para ver o resultado do menino. Um pingo de lava respingou em seu rosto e o menino começou a bater em sua bochecha no intuito de se salvar, só que acabou caindo lá de cima. Todos que estavam perto da parede correram para tentar pegar o menino e por sorte conseguiram. Olho para todos dali e percebo que eles nem tinham dado tanta importância assim e sem duvidas aquilo deveria acontecer constantemente. Vou me aproximando mais da parede enquanto noto alguns olhares para mim. Sim, eu iria tentar escalar.
Estava com mais frio do que medo. Ajeitei minha jaqueta e segurei no primeiro apoio. Começo a escalada. Não foi assim tão fácil equilibrar o peso do meu corpo em um pequeno apoio. Seguro no apoio de cima e faço força para subir. Minha mão escorregou fazendo-me cair no chão onde era para esta as pessoas para me segurar. Não demorei em levantar, alguns semideuses riam, outros fingiam não rir virando seus rostos para trás. Não liguei muito, mas tinha ficado irritado. Tentei escalar novamente, botei meu pé no mesmo apoio em que tinha posto antes e segurei em outro apoio para subir. Começo de novo a escalada.
Uma brisa gelada passa por mim e faz com que eu me arrepiasse. Meu objetivo era subir pela lateral direita, todos tentavam subir pelo meio. Os apoios estavam completamente gelados e como eu estava sem nenhuma luva, minhas mãos quase congelavam. Já tinha avançado um pouco, mas ainda estava longe da metade da parede; quando segurei em um apoio, ao fazer força para subir o mesmo saiu. Nessa hora perdi o equilíbrio, mas por sorte me segurei com toda minha força em um apoio que não era falso, fazendo-me permanecer na parede acabando com o humor dos recalcados ~ ~ . Disposto a não cair, resolvo subir o mais rápido possível. Assim que segurava em um apoio, já fazia força pra subir e ia com sede de pegar o próximo e assim que chegava, passava o pé para o apoio em que estava segurando antes. Seguro bem rápido em algum apoio e esqueço-me do peso do meu corpo e acabo escorregando. Por sorte eu estava segurando em dois apoios e consegui-me mantar na arena. Mas deveria ser rápido, ali estava bem escorregadio e minhas mãos já estavam começando a escorregar. Consigo “ficar em pé na parede”, e continuo com a escalada.

 Já um pouco depois do meio outro apoio falso, só que desta vez eu percebi bem na hora em que pus a mão e por sorte não cai. Olhei pela primeira vez para baixo e percebi que os campistas que eu tinha visto que ficavam no chão para pegar quem caia, não estavam mais lá. Só tinha eu e longe outro menino que estava sentado perto de uma arvore, com alguma coisa em mãos. Não liguei, não iria cair mesmo. Voltei a prestar atenção na parede, bem na hora em que abaixei desviando de uma pedra que tinha vindo em minha direção. Tentei olhar para onde a pedra tinha vindo e não consegui achar. Então outra pedra surgiu e me acertou bem na cabeça. Não perdi o equilíbrio nem nada, só doeu aquele objeto ter me acertado a toda velocidade. Subi rapidamente para o apoio mais próximo e assim que botei o pé no apoio em que antes estava minha mão, alguns pingos de lava caem do topo da arena. Não pensei duas vezes, passei rapidamente a mão para o apoio mais perto a minha esquerda e sem seguida o pé. Fiz isso tão rápido que tinha avançado uns três apoios para o lado e por sorte, nenhum pingo de lava caiu em mim. Assim que tento voltar a subir, o apoio em que eu estava com o pé cede. A parede ainda contribuiu já que estava congelada, então minha queda foi direta, fazendo-me cair com tudo na neve, que por sorte era bem fofa. Fim da escalada.
Irritado olho para o topo da parede e jogo uma bola de neve na mesma. Saio de lá bufando e tremendo, já que o frio aumentava cada vez mais. Iria procurar alguma coisa para fazer